No condomínio, na academia e até no posto de gasolina: Rogério Vaughan relata que narração do Belligol viralizou também em seu cotidiano
- digalafutebol
- 21 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Em entrevista exclusiva, narrador da ESPN fala sobre icônica narração, experiências da carreira e ida de Endrick ao Real Madrid
Reportagem: Artur Alvarez e Geyza Melo
Edição: Natalia Molinari

🗣️ “BELLIGOL”
🗣️ “O ILUMINADOOOOOOO”
🗣️ “BELLINGHAM É O NOME DELE”
Tenho certeza que você já ouviu em algum lugar das redes sociais essas frases. A narração de Rogério Vaughan para o gol de Jude Bellingham, que deu a vitória ao Real Madrid contra o Getafe nos acréscimos, tomou proporções astronômicas: viralizou nas redes sociais e o ‘Belligol’ nasceu.
“Quando sai o gol meio que acontece essas coisas, não tem como explicar. Você narra o gol e fala tudo que vem na mente. E isso pegou de uma forma muito rápida e é muito legal que está reverberando”, diz o narrador Rogério Vaughan.
A narração de Vaughan foi potencializada por posts da conta oficial do Real Madrid, que escreveu 'Belligol' na legenda. Dali, o termo cunhado pelo narrador viralizou, internacionalizou-se e não é incomum ver ‘gringos’ fazendo o Belligol por aí.

“É muito louco, viralizou de uma forma muito rápida e é muito gostoso viver esse momento. Porque rompeu a fronteira do Brasil, então tem muita gente fora acompanhando isso, é muito legal”, comenta.
Mas não ficou apenas nas redes sociais. Vaughan conta que sua narração volta para ele em diversos momentos do seu cotidiano, com pessoas a repetindo à sua volta ou pedindo para que ele a reproduza.
Podem ser garotinhos brincando na piscina de seu condomínio, o porteiro ou até um desconhecido no elevador: Vaughan testemunhou todos eles gritarem o ‘Belligol’ e abrir os braços (em alusão à comemoração do jogador inglês).
“Na academia, tem pessoas que chegam e falam ‘e o Belligol, hein, cara, arrebentou o Belligol’. Passo no posto para abastecer o carro, aí vem o frentista: ‘você é o cara do Belligol, né? Faz o Belligol para mim aí’”, conta Vaughan.
Semanas após sua narração ficar famosa, Vaughan ‘chamou’ um gol do Bellingham ao vivo , num jogo do Real contra o Cadiz: pediu e no mesmo lance o madridista atendeu. A viralização desse momento foi instantânea.
Segundo o narrador, não tem mais essa de “Jude Bellingham” para o fã de esporte brasileiro, agora é só Belligol.
“Hoje em dia narrando um jogo do Real Madrid, o torcedor já pede: ‘vai narrar gol do Belligol? vai ter gol ou não vai ter gol do Belligol?’ Agora é Belligol. Se perguntar pro torcedor do Real no Brasil quando sair gol prefere que fale Bellingham ou Belligol, ele vai falar na hora ‘Belligol’”, conta.
Desejo de narrar pessoalmente para craques
Vaughan revelou que tem o desejo de fazer a narração do Belligol ao vivo para Jude Bellingham, assim como fez em 2022 para Pierre-Emerick Aubameyang, à época no Barcelona, com uma narração que também viralizou sobre o atacante.
Além dele, o narrador também gostaria de reproduzir ao vivo narrações marcantes que fez para Lewandowski, naqueles cinco gols em nove minutos pelo Bayern em 2015, e para Vinicius Jr, o ‘Vini Malvadeza’.
“Outra coisa que pegou foi o Vini Malvadeza, quando o Vinicius chegou ao Real Madrid. É maluco isso, essas coisas não tem como explicar como pega na boca do povo”, relata Vaughan.
“O Endrick vai fazer muito sucesso no Real Madrid”
Na ESPN desde 1999, Vaughan se consolidou como uma das principais vozes das transmissões de futebol internacional no Brasil. Focado mais nos jogos da LaLiga, já narrou incontáveis jogos do Real Madrid e crê que Endrick, atualmente no Palmeiras, vai chegar bem no clube espanhol.
“Eu acho que ele vai fazer muito sucesso, porque pelas entrevistas que eu já vi do Endrick, eu vejo com uma cabeça muito bacana. Isso é muito importante, porque além do talento tem que ter também um quociente emocional muito bem trabalhado para mudar de patamar. Acho que ele está muito bem preparado”, relata o narrador.
Vaughan também espera narrar muitos gols do jovem, e quem sabe não viralizar com alguma narração ou alcunha que criar para o atacante.
A narração esportiva de hoje precisa ser diferente
A presença das redes sociais exige uma constante adaptação para o narrador de futebol, que luta pela atenção do telespectador com as plataformas de conteúdos rápidos.
“A gente vai se adaptando. Eu acho que o narrador tem que simplesmente falar o que o coração dele está mandando, principalmente neste mundo tão digital em que vivemos. A técnica é muito importante, mas o coração se sobressai, porque a pessoa que tá do outro lado sente. Naquele recorte do tempo de 2 horas é importante você transmitir com pitadas de informação e levar a alegria e a emoção para a pessoa que tá do outro lado”, explica Vaughan.